Ontem, contrariando minha natureza, fui ao cinema ver SAMSARA.
Um filme “não-americano/cabeça/sem-violência/sem-piadas-sujas” e devo confessar que gostei.
O diretor é indiano e o filme se passa no Himalaia (ou algum lugar assim...). Trata-se da história do monge budista Tashi que, após meditar por mais de 3 anos numa caverna, volta a seu templo e passa a sofrer as tentações da carne.
Além da história de Tashi e as implicações do questionamento de seu celibato serem muito bem desenvolvidas, a fotografia do filme chama a atenção com as paisagens da região.
E se você tiver algum conhecimento sobre o Budismo, é possível aproveitar ainda mais o filme, que tem na história várias citações a tais ensinamentos.
Quando saí do cinema, tive uma interpretação do filme, principalmente sobre o comportamento de Tashi. No entanto, hoje já li uma outra interpretação que pode ser igualmente aplicada. Filme pra pensar.
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Mas não se preocupem, pois amanhã estréia X-MEN 2!!!
Provavelmente devo assistir só na semana que vem, pra evitar filas...
Da série MELHOR DISCO DE TODOS OS TEMPOS (entre outros)
SCREECHING WEASEL – MY BRAIN HURTS
Depois de um tempo separados, o Screeching Weasel lançou, em 1991, aquele que considero o melhor disco da banda: My Brain Hurts.
A tosqueira e as músicas mais agressivas do disco anterior (Boogada Boogada Boogada) foram deixadas de lado e Ben Weasel nos presenteia com um disco que parece uma coletânea: canções grudentas e solinhos de guitarra simples, mas que podem ficar na sua cabeça por toda a vida. O tipo de disco que te deixa com um sorriso no rosto após ouvi-lo.
O cd reúne músicas como Kamala’s too nice (que possui outra boa versão no cd Kill the Musicians), Guest List, Cindy’s on Methadone, The Science of Myth, What we hate, dentre outras, incluindo, ainda, uma cover para I Can See Clearly Now.
Ben Weasel, que consegue fazer algumas letras vergonhosas, ao mesmo tempo produz algumas memoráveis, como a de The Science of Myth, que trata de religião, crenças (ou a falta de) e What we hate sobre envelhecer. Além disso, algumas músicas do disco simplesmente contam uma história, como Kamala’s too nice ou Cindy’s on Methadone.
Entra fácil na seleção de discos que mudaram a minha vida.
(...)
"and when you realize that
your life don't matter
You'll turn to something to help
you forget that you're
only young once, old forever"
(Screeching Weasel – What we hate)
Ok... Já tentei, mas não tenho palavras para descrever o final de semana.
3 shows muito legais, cheios de gente bacana. Algumas centenas de quilômetros dentro de uma van, com a espetacular companhia do Hillvalleys, Supermodel, Márcio e meus companheiros de banda. Parecia uma excursão de colégio, só que sem professor pra tomar conta.
Uma mera narrativa da viagem não faria jus sequer à metade do que ela realmente significou.
Ontem fui ver o filme O APANHADOR DE SONHOS baseado no livro do STEPHEN KING (já comentado neste blog há algum tempo atrás).
Justiça seja feita, o começo do filme é muito bem adaptado, sendo extremamente fiel ao livro.
Já o restante... Mudaram tudo!!!
Sumiram com várias passagens do livro, deixaram de focar a infância dos personagens principais, colocaram efeitos especiais onde não deviam ter efeitos especiais, mudaram a história, mudaram personagens, mudaram o final, e por aí vai.
Diante disto tudo, eu só posso imaginar que o Stephen King deve ter um contrato padrão para as adaptações cinematográficas de seus livros de terror/ficção:
“I - Por se tratar de obra de (terror/ficção), considerada pela maioria das pessoas um gênero (menor/ínfimo/rastejante), autorizo o (diretor/roteirista/produtor/maquiador/fotógrafo/assistente de câmara/figurinista/quem quer que seja) a mudar a história como queira, inclusive (omitindo/alterando) fatos relevantes para a sua compreensão, podendo ser criadas (situações/personagens/histórias/final) que não constavam da obra original.
II – Em contrapartida à cláusula I, ganho (alguns/muitos/um montão de) milhares de dólares.”
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Mas em compensação, antes do filme passa ANIMATRIX. Um curta de animação ambientado no universo de Matrix que vale o ingresso.
Ontem não teve post... Se vocês não sabem, aqui no Rio foi feriado. Dia de São Jorge ou coisa parecida.
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Há muito tempo rolam boatos que iriam fazer um filme com Jason Voorhees de Sexta-feira 13 enfrentando Freddy Krueger d’A Hora do Pesadelo.
Tal produção, anos atrás, chegou a ser dada como certa, assim como uma versão cinematográfica de Watchmen do Alan Moore, dirigida pelo Terry Gillian e estrelada por Schwarzenneger, DeNiro, entre outros (que nunca saiu da mera especulação).
Esperou-se e nada.
Então no filme Jason vai para o Inferno, acrescentaram aquela última cena, com a mão com dedos de faca do Freddy saindo do chão e agarrando a máscara do Jason (Se você ainda não tinha visto e eu contei o final, a culpa é toda sua... o filme já é bem antigo.)
Bem, depois desse final parecia que o projeto finalmente iria pra frente. Em vez disso, surgiu o filme com Jason no futuro, que apesar de excelente, ainda não era a concretização da promessa.
Mas esse ano, parece que sai:
JASON VS. FREDDY
A estréia está marcada para 15 de agosto nos EUA. Uma sinopse que consegui: “Freddy Krueger tenta convencer Jason Voorhees a executar um último pesadelo na Rua Elm, mas os dois ícones do terror acabam entrando em conflito.”
Apesar de considerar o Freddy Krueger extremamente carismático e com uma gama praticamente interminável de recursos, sempre fui um maior admirador do calado Jason. Talvez porque seus filmes tenham, praticamente, me iniciado aos filmes de terror.
Gosto, particularmente, dos episódios IV (um dos melhores em matéria de suspense) e VI da série Sexta-feira 13. E na maioria deles a série consegue manter seu nível, excetuando-se o fraco episódio V, com o subtítulo “Um novo começo”, onde desvirtuaram a série.
Então, mesmo sendo uma escolha difícil, fica registrada aqui minha torcida para o assassino com máscara de hóquei.
Ouro Preto é um dos lugares mais bonitos que já fui e finalmente tive a oportunidade de visitar a cidade com mais calma.
Saímos do Rio na Sexta-feira de manhã e, antes de chegarmos lá, passamos em Congonhas para conhecer os Profetas de Aleijadinho. As esculturas são lindas e é muito legal reparar em algumas particularidades, como o leão de Daniel com cara de macaco e a baleia de Jonas com asas no lugar de barbatana (afinal, Aleijadinho nunca tinha visto um leão ou uma baleia na vida).
Após a parada, partimos para Ouro Preto. A cidade continua linda, apesar de um pouco descuidada. Não é a toa que está rolando um movimento forte por lá, na tentativa de expulsar a prefeita.
Acho que dessa vez deu pra conhecer todas, ou pelo menos quase todas, igrejas e as intermináveis ladeiras da cidade. Não entrarei em detalhes sobre as obras de arte nas igrejas ou sobre o aspecto histórico, por fugirem ao meu parco conhecimento. É interessante notar como em muitas obras é possível perceber simbolismos maçons e santos caracterizados como negros.
Sábado de madrugada nós vimos o tapete que é feito pelos próprios moradores no trajeto da procissão e no Domingo visitamos Mariana, cidade vizinha, onde pudemos assistir um pequeno concerto de órgão em uma de suas igrejas.
No Domingo à noite, depois de bebermos duas garrafas de vinho e assistirmos ao 71/2 com o Sílvio Santos, saímos para “comer” alguma coisa. Escolhemos o Bar do Beco, especializado em cachaça. Uma infinidade de marcas de cachaça e alguns drinks também preparados com pinga. Comecei com o Fio da Terra (mistura de pinga, nó da terra, catuaba, menta), depois foi a vez de Black Gold (pinga Milagre da Serra, licor e chocolate com menta servida num copo de milk shake), depois foi Anita – O Drink do Tesão (pinga Lúcia Veríssimo e o restante não me lembro), depois foi Alcione (pinga com açúcar mascavo e algo mais que não me lembro), tudo em doses generosas. Para acompanhar, pedimos uma porção de mandioca cozida, que eu só comi um pedaço e achei muito ruim.
Pra terminar, dividi com o Rodrigo um copo da cachaça Anísio Santiago, cuja respectiva dose custa a bagatela de R$ 12,00.
Mais tarde, no hospital, percebi que aquele pedacinho de mandioca cozida me havia feito muito mal.
E hoje não deu tempo de preparar nada especial pra vocês.
Tive uma audiência na Freguesia que ocupou boa parte da minha tarde.
Pelo menos, pude ler na viagem a Marvel Millennium Homem-Aranha desse mês (#15), a qual recomendo enfaticamente.
Como vocês já sabem, essa revista traz as versões Ultimate dos personagens da Marvel, sendo que, nesta edição, tem uma história muito boa do Demolidor com o Justiceiro, escrita pelo Brian Michael Bendis e desenhada pelo Mestre Bill Sienkiewicz. Voltar a ver o Sienkiewick desenhando o Demolidor é sempre um prazer... Uma das primeiras Graphic Novels que a Editora Abril lançou no Brasil é justamente de sua autoria com o mesmo personagem.
E depois ainda tem o Ultimate X-Men, escrito pelo Mark Millar e desenhado pelo Chris Bachalo, um desenhista que aprendi a admirar lendo as aventuras de Shade pela Vertigo.
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Já notaram que um problema nunca vem desacompanhado?
Continuando o último post, assisti ontem ao filme CARANDIRU.
Achei o filme bacana e desceu bem na falta de um episódio novo de OZ.
Fiquei só um pouco incomodado nos primeiros 15 minutos, pois parecia que queriam colocar o máximo de situações e falas dos presidiários descritas no livro no menor espaço de tempo possível. Talvez tenha sido só impressão minha por ter lido o livro e logo após visto o filme, mas o fato é que o filme toma rumo em seguida.
A adaptação do livro é boa, tendo o filme mesclado alguns personagens e histórias, além de ter aumentado a participação de alguns personagens, como a Lady Di, que no livro aparece apenas em algumas linhas.
Aliás, uma das melhores interpretações do filme é do Rodrigo Santono no papel do travesti Lady Di, com uns peitões que dariam inveja ao Bob de Clube da Luta.
Outro destaque é a interpretação de Denzel Washington no papel do malandro Majestade.
Dentre os meus presentes de aniversário, ganhei o livro ESTAÇÃO CARANDIRU do Drauzio Varella.
E como estreou o filme Carandiru nos cinemas, resolvi que não iria vê-lo enquanto não lesse o livro.
Matei o livro neste fim de semana e gostei bastante. Se é que alguém ainda não sabe, o Dr. Drauzio (mais conhecido como o velho chato que fazia campanha contra cigarro no Fantástico) passou alguns anos trabalhando no presídio e relata o que viu ali, bem como a história de diversos detentos.
O livro flui fácil, talvez por cada capítulo se tratar de uma história diferente. É interessante, também, ver como funciona o “código de conduta” entre os presidiários, em que o menor dos deslizes pode terminar em facada.
E, ao contrário de OZ, que é administrado obsessivamente por McMannus, a maior parte do presídio era administrada pelos próprios presidiários.
[vocês não achavam que eu ia falar do Carandiru e não ia citar OZ, não é mesmo?]
Agora, falta ver o filme.
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Ontem consegui achar o livro A CASA NEGRA do Stephen King por míseros R$ 30,00!
Vai ficar guardado na estante, esperando eu reler O Talismã.
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Música do Ignorante: Little Fingers (Apocalypse Hoboken).
Mais uma edição bem cuidada da coleção negra da Record, que traz um dos inúmeros livros de Ed McBain ambientado na 87ª DP.
Viúvas, publicado originalmente em 1991, traz alguns personagens recorrentes a série, como o Detetive Carella, desta vez investigando o assassinato de um advogado, baleado impiedosamente junto com seu cachorrinho. Como logo é descoberto, o assassinato tem ligação a um crime anterior, onde a amante do advogado foi morta.
Ao contrário da grande parte de livros de mistério, neste aqui não há um detetive particular solitário, mas sim policiais e o cotidiano de uma delegacia de polícia.
Junto com a história principal do assassinato, ainda há algumas subtramas tão interessantes quanto a primeira, como a policial estuprada em serviço que começa a trabalhar na divisão de resgate de reféns, além de um drama pessoal vivido pelo próprio Carella.
Se você está com saudades de Nova York Contra o Crime, é uma boa pedida.
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Da série BATE PAPO INFORMAL
Ontem fiquei vendo aquele especial sobre o Michael Jackson na Band.
Eu posso estar sendo muito ingênuo (e olhem que eu não costumo ser), mas eu realmente NÃO acredito que o Jacka seja um molestador de crianças. O cara pode ser maluco ou perturbado, mas não acredito que seja chegado a uma pedofilia, pelo menos não conscientemente.
Nenhum molestador de crianças daria declarações tão constrangedoras e comprometedoras a um entrevistador, chegando ao nível de falar que adora dormir com crianças, que cerca-se de crianças, que tem um amiguinho de 12 anos, que dorme apertado com crianças e por aí vai.
Mas cheguei a uma conclusão: Nunca confie num repórter.
Neste fim de semana pude rever o ROCKY HORROR PICTURE SHOW.
O filme é uma espécie de musical/ópera rock, que conta a história de um casal que é obrigado a pernoitar no castelo do Dr. Frank’n’Furter e se depara com estranhos acontecimentos, os quais, é claro, não vou contar, pois estragaria a surpresa.
As músicas do filme são excelentes e ficam na cabeça o tempo todo: A música de introdução, em que só aparece a boca símbolo do filme e os créditos, faz referência a uma pancada de filmes de ficção e já ganhou uma cover pelo Me First and The Gimme Gimmes. Outra muito boa, e talvez a mais grudenta, é “Time Warp”, com direito à coreografia.
Desempenhos memoráveis de Tim Curry, no papel do Dr. Frank e Susan Saradon (por incrível que pareça) como Janet (escute a música Touch, Touch, Touch Me).
E para fechar com chave de ouro, o filme ainda conta com a participação de Meat Loaf no papel de Eddie!
O Criador e a Criatura
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Pequena nota:
Finalmente Sylvester Stallone volta às telas com um papel relevante.
Ele será o vilão do filme Pequenos Espiões 3.
(Eu não estou sento irônico! O filme Pequenos Espiões comanda!)
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Amanhã é meu aniversário!
Congratulações nos comentários ou ficarei muito triste com vocês.
Eu não gosto de colar notícias, mas esta aqui merece:
“Um dos projetos mais aguardados é Sandman: Endless Night, uma graphic novel escrita pelo próprio Neil Gaiman. "É realmente incrível", entusiasma-se Berger. "Depois de trabalhar com Neil em 75 números de Sandman e a graphic novel Dream Hunter, ler suas histórias para essa edição me surpreendeu. Ele escreveu uma trama para cada um dos Perpétuos. Neil tem sido um grande escritor há muitos anos, e melhora cada vez mais. Essa é uma obra de arte".
Sandman: Endless Night terá 144 páginas, e será lançado em capa dura, em setembro. A história de Desejo será desenhada por Milo Manara (melhor escolha é impossível); a do Sonho, por Miguelanxo Prado; Delírio, por Bill Sienkiewicz; Destino, por Frank Quitely; Destruição, por Glenn Fabry; Desespero, por Barron Storey; e Morte, por P. Craig Russell. A capa, claro, será de Dave McKean, colaborador de longa data de Gaiman, incluindo a minissérie Orquídea Negra e todas as 75 edições de Sandman.
"Será um livro inacreditável. A posição de Neil como o autor best-seller do jornal New York Times, por causa do livro Deuses Americanos (lançado no Brasil pela Conrad Editora) e Coraline, traz um enorme reconhecimento e dá potencial de ser um enorme sucesso fora do mercado tradicional de quadrinhos", espera a editora.”
Extraído do excelente e sempre recomendado site UNIVERSO HQ .
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E já que estamos falando no HOMEM, a página dele é esta AQUI.
Só pra citar algumas coisas legais, na parte Journal (na verdade, uma espécie de blog), está acontecendo uma interessante discussão a respeito do assédio sexual que alguns personagens do Disney estariam cometendo na Disneylândia.
Na seção Exclusive Material, você encontra alguns artigos escritos pelo Neil Gaiman, inclusive, um conto sobre o Cthulhu, intitulado “I Cthulhu”.
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Representação artística do Cthulhu, que por óbvio não se assemelha com a realidade, já que bastaria uma simples visão da Besta (ou Deus, como queira) para levá-lo à loucura.
Sempre passava pela Rua do Ouvidor na Sexta-feira e encontrava uma pequena multidão reunida observando um mímico.
Era o típico mímico que aparece em filme americano, com camisa listrada preta e branca, cara pintada, chapéu preto e luvas brancas.
Como todos sabem, ser escolhido por um mímico na rua é garantia certa de constrangimento. Ou você abaixa a cabeça e aceita ser sacaneado ou então se enfurece com o indivíduo, o que, certamente, irá provocar uma reação bastante negativa na “platéia”. Então, quando era Sexta-feira eu me esgueirava pelos cantos da rua, tentando não ser descoberto.
E assim a vida prosseguia, até que um dia eu esqueci que era Sexta-feira, esqueci que estava na Rua do Ouvidor, esqueci da multidão na rua, esqueci do mímico...
Quando ergui a cabeça, estava exatamente no meio da “platéia”, que observava inquieta o mímico parado a alguns metros na minha frente, com as pernas abertas e as mãos a poucos centímetros da cintura, numa pose clássica de velhos westerns.
Parei minha caminhada e constrangido pensei: “Putaqueupariu, tinha que ser comigo...”
Mas tudo bem... Se o mímico queria um duelo, ele teria um duelo. Esqueci o constrangimento, esqueci a multidão e me posicionei. Pernas arqueadas, mãos também a pouco centímetros da cintura e preparadas para sacar minhas 38 imaginárias dos meus coldres imaginários. Ainda tive tempo de pensar que estava com sorte, pois o sol estava às minhas costas, o que iria atrapalhar o maldito mímico a mirar.
Saquei e disparei, no melhor estilo Clint Eastwood, sem usar o gatilho e simplesmente acionando o cão imaginário da arma imaginária com a mão.
Fui mais rápido.
Na minha frente, o mímico simulava estar baleado e caía no chão. A multidão aplaudia. Continuei minha caminhada e após uma breve olhada para trás, pude ver o mímico sorrindo.
A partir deste dia, o duelo na Sexta-feira virou um ritual. Assim que nos víamos, tomávamos nossas posições e disparávamos. Na época, ainda não usava terno, o que me permitia morrer algumas vezes.
As atuações melhoravam a cada duelo. Antes de atirar, passava a mão na aba do meu chapéu de caubói imaginário, algumas vezes sacava duas armas imaginárias ao mesmo tempo (emulando os filmes do John Woo), em outras a arma do meu adversário agarrava em seu coldre... Nunca o mesmo duelo se repetia.
No nosso último duelo, era minha vez de morrer. Já existia um pacto silencioso entre nós, em que cada um deveria morrer em Sexta-feiras alternadas.
Preparamo-nos e o mímico foi mais rápido, como eu já sabia que seria. Puxou seu revolver imaginário e apertou o gatilho de ar.
Como sempre, não houve qualquer barulho do disparo, mas senti um impacto na minha barriga.
Caí, sentindo uma dor logo abaixo das minhas costelas e uma sensação úmida. Sangue. Na mesma hora, lembrei de um trecho de livro que descrevia a bagunça que era quando uma bala atingia e rompia seu intestino.
[aqui ficaria a imagem da capa da Video Jack nº 1. Infelizmente só consegui achar uma imagem decente, que não pode ser copiada...]
Era uma série produzida pelo selo Epic da Marvel Comics, escrita por Cary Bates e desenhada pelo Keith Giffen (entre outros).
Não me lembro muito bem da história em si... Se não me engano um mago morre antes de realizar um feitiço que envolvia tecnologia e magia, pra transformar a cidade em que vivia. Acidentalmente o tal Jack acaba se envolvendo no feitiço incompleto e passa a viver numa realidade de programas de TV a cabo.
Na época em que a revista foi lançada, final dos anos 80, não era comum como hoje histórias com referências. E o que não faltava em Video Jack eram referências, cobrindo toda a gama de programas televisivos, como filmes (desde westerns até aliens), MTV, séries, desenhos animados, entre tantos outros.
A revista, apesar de engraçada e por vezes caricata, tinha um tom sombrio e contava com o excelente Keith Giffen, responsável, na minha humilde opinião, por grande parte do charme da revista.
Naquela época, Giffen ainda possuía um estilo comedido, o qual ele foi desenvolvendo principalmente nas séries do Lobo (vide Infanticídio, que conta com um desenho nada convencional), até culminar no emaranhado de traços contínuos de Trencher (revista publicada pela Image Comics e que não foi pra frente).
AQUI tem uma galeria com a arte do Keith Giffen, incluindo as capas de Trencher.